Fala-me ao ouvido... Deixa-te de coisas e fala-me ao ouvido.
Diz que amas porque é preciso amar, que beijas porque é preciso beijar, que choras porque precisas de chorar, que sorris porque é preciso sorrir.
Puxa para nós as estrelas mais brilhantes, as luas mais intensas, as ondas mais calmas desse mar de desatinos.
Fala-me ao ouvido, das quimeras, dos sonhos, dos momentos do teu dia, dos silêncios da tua noite.
Conta-me como foi, conta-me onde foste.
Fala-me ao ouvido, enquanto o vento escorre pelas dunas, deixando rastos na areia. Encosta-te ao meu ombro e sussurra, as coisas que te apetecer, frases sem sentido, silabas sem significado, mas deixa-te ficar ai, deixa-te estar.
Como doem as saudades quando não tenho a tua voz, quando não tenho o mar, as ondas. Fala-me da luz ou da escuridão, da chuva ou do sol.
Deixa-te de coisas e fala-me ao ouvido.
Não interessa a lingua, o dialecto, o sotaque, nada mais importa, apenas permite que sinta o tom das tuas palavras, assim sei que estás ai.
E se um dia fores embora lembrarei sempre o que me disseste, naquele dia, naquela manhã, naquela noite.
Deixa-te de coisas e fala-me ao ouvido.